Aos poucos as lembranças tornam-se raras, desaparecendo de meus olhos como gelo ao Sol. Rápido e instantâneo, só restam as palavras. Como em uma utopia, um dejavu inexistente em um futuro que jamais acontecerá. Em sua perfeição busco defeitos e me pergunto porque ainda sonho com você, se nossa realidade mudou, todos os planos evaporaram como a água que um dia foi gelo.
Me cansei de falar, pensar e escrever sobre você, cansei de cada pequeno pedaço do teu ser que me atrai, ser que eu nunca toquei nem vi, mas que mantém uma grande importância aqui. E eu lamento cada imagem que desejo, pois sei até onde isso me levará. Pois sei que gosto dessa irrealidade, dessas verdades inventadas, totalmente utópicas que meu inconsciente cria.
Logo estou cercada e não quero fugir, logo estou cansada e não quero desistir. Por pior que seja a resistência, por mais dolorosa e tola, resisto, e estou aqui, escrevendo (mais uma vez) sobre você. Você que me acomoda todas as noites em teus braços, você que me protege do escuro à nossa volta, você que só me visita em sonhos. De que adianta controlar cada pensamento durante o dia, se durante a noite, em meu sono leve, você me encontra e me faz rir só pra ver meu sorriso? E você me faz crer que sou totalmente inconsequente, e por algum motivo que desconheço, quando estou contigo sou, pois mesmo quando analiso cada palavra me vejo sorrindo perante uma pessoa que sequer me tocou.
Julgo-me incansável e sei que dia após dia me canso e não desisto, porque não existe um motivo para continuar e não há sentido em desistir. Busco um alívio, seja ele imediato ou não, real ou irreal. Procuro em seus olhos meus pensamentos, porque sei que você entende isso também, o que se passa aqui, o que eu penso e o que eu sinto, eu sei que você sabe.
Tento gravar sua voz e sei que minhas lembranças não fazem justiça à isso, e sei que reconheceria ela em qualquer lugar, no escuro, de olhos fechados. Eu afirmaria "É você" e pela primeira vez teria certeza disso, simplesmente sentiria, saberia. Assim como nascemos e respiramos, assim como abrimos nossos olhos ao acordar. Saberia.
Saberia sem sentido, sem razão, sem motivo. Mas saberia, porque existem coisas que nunca são esquecidas.
Giu.
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