Não sabia o que fazer. Estava parada como um dois de paus. Não conseguia me mexer. Nunca esperei que esse momento chegaria, que na hora em que parecia apenas um passo da realidade, tremi. Tremi parada. Encostada pra não cair. Apenas observava tudo ao meu redor. Meu mundo agora se limitava a aquela meia luz e aquelas palavras.
Logo após estava eu olhando pela janela. Talvez, também, porque tremesse naquele momento. Acredito que ele esperava por aquilo. Nos conhecíamos há tanto tempo e ao mesmo tempo éramos completamente estranhos. É engraçado. Idealizamos as coisas e quando estamos no ponto de concretizá-las, o medo vem avassalador e imediatamente pensamos em desistir de tudo aquilo que sonhamos em ricos detalhes.
Em poucos segundos me passou um flash da nossa história. Ele tinha me atraído na primeira conversa. Me encantei com o seu sorriso. Ele tinha gentileza nas palavras e uma personalidade fortíssima. Nossos gostos eram parecidos, as mesmas músicas, os mesmos filmes.
Me apaixonei. Não dessas paixões normais. Me apaixonei alucinadamente. E eu acreditava que ele também, afinal tudo era intenso entre nós. Falávamos várias vezes ao dia, fazíamos absurdos para nos encontrar e tínhamos mil planos de ficarmos juntos. Por um momento acreditei que seria para sempre.
Mas como em histórias de amor sempre tem um “mas…”.
E lá estávamos nós. Perdidos. Eu não sabia onde colocar as minhas mãos. Meu corpo fervia. Minha voz não saia da forma que deveria. Tentava me lembrar de outro momento que me senti assim, tão nervosa. Sabem como é? Um misto de ansiedade, tristeza, medo, dor e paixão. Não sabia mesmo o que fazer. Ele estava ali, eu querendo fazer tudo e dizer tudo e simplesmente fiquei imóvel. Me recriminando por dentro de não conseguir me mexer.
Então, ele veio ao meu encontro. Senti um medo estranho. Pensei que era loucura ou excitação pelo que acabara de acontecer. Mas pressentimentos, são pressentimentos. Voltei para a casa, deitei e adormeci. Dormi mal, tive centenas de pesadelos.
Logo pela manhã, cai na real, percebi o que fizera, o que acontecerá e consegui ver que faltava algo e esse algo era meu chão. Chorei, o choro sempre me ajudou, sempre me acalmou, mas por alguma razão dessa vez ele falhou. Não comia, não falava, só chorava. A tristeza me corroía. Pensava em todo o tempo que perdi o grande amor da minha vida. Nada e nem ninguém me consolava.
Agora escuto a chuva, forte, ela arrasta tudo que pode e consegue, quisera eu que me levasse também.
Posso ter me tornado uma mulher mais triste, mais áspera e com muito mais receio. Mas com certeza eu sou hoje uma mulher mais realista e determinada, porém, com um medo enorme de me apaixonar. Essa é a mulher que sou hoje.
Essa história ainda me corrói toda vez que eu lembro que perdi alguém que foi muito importante para mim. Talvez ainda, eu busque incansavelmente a parte da minha alma que escorreu junto com todas as minhas lágrimas.
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